Como o Crochê Me Resgatou Duas Vezes

 



Eu nunca imaginei que um simples novelo de linha poderia ser um fio de vida. Mas ele foi. E não apenas uma, mas duas vezes.

A primeira foi em 2003, quando mergulhei no deserto da depressão pós-parto. Sem forças para levantar da cama, sem vontade de viver, sem enxergar saída. Foi nesse momento que Ângela apareceu, uma mulher que nunca tinha me visto antes, mas que escolheu estender a mão.

Ela me ensinou a crochetar. Me levava naqueles armarinhos onde ensinavam varias manualidades gratuitamente. E com cada ponto, eu aprendi a focar no presente. A perceber que, assim como no crochê, a vida também permite recomeços. O caos que existia dentro de mim começou, lentamente, a se transformar.

Resumindo bem, algum tempo depois, com os vários cuidados da Angela, achei que estava forte. Achei que nunca mais voltaria ao fundo do poço. Mas a vida, às vezes, nos testa.

Em 13 de novembro de 2020, depois de um ano vivendo sob assédio moral no trabalho, meu corpo e minha mente entraram em colapso. A pressão, o medo e a constante invalidação me consumiram por dentro até que não sobrasse nada além de exaustão.

O resultado? Três cirurgias, uma quase internação psicológica e um retorno àquele lugar escuro de onde eu achava que nunca mais voltaria.

Só que dessa vez, eu já conhecia o caminho de volta.

Foi aí que, mais uma vez, me apoiei no crochê. Mas agora, com um olhar diferente.

Dessa vez, o crochê não era apenas uma distração ou um escape. Era um espelho.

A cada ponto tecido, eu enxergava mais de mim. Aprendi a reconhecer meus limites, a respeitar meu ritmo, a cuidar de mim sem culpa.

Através do crochê, aliado as minhas terapias convencionais, mergulhei no autoconhecimento. Passei a entender minhas emoções, minha história e, principalmente, minha força.

Foi ali que eu realmente aprendi a viver.

A viver sem me anular.
A viver sem me sobrecarregar.
A viver me respeitando.

E essa transformação me trouxe até aqui, e ainda não terminou.

O processo de autoconhecimento é um trilhar sem fim, a cada passo vamos nos melhorando e sei que ainda tenho um caminho longo pela frente.

E agora, depois de compartilhar isso tudo com você, me diz se você já sentiu que precisava parar, mas não sabia como… Se já carregou um peso tão grande que sua mente e seu corpo pediram trégua… Saiba que existe um caminho.

E, em breve, eu quero te contar mais sobre isso.

 

Um beijo

Fabijunia


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